Na crise, paciente pode ter falta de ar, transpiração e aceleração cardíaca
Sentir medo sem motivo e repentinamente pode ser um sinal de síndrome
do pânico, um transtorno mental de ansiedade que causa ataques
repentinos de temor em situações cotidianas, como durante o sono, por
exemplo. Durante uma crise, a pessoa pode ter ainda sintomas parecidos aos de um
infarto, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva,
como explicaram a cardiologista Roberta Saretta e o psiquiatra Daniel Barros.
Caso esses sintomas apareçam pela primeira vez, o paciente deve ir
imediatamente a um hospital para avaliar se é um infarto, especialmente
se ele tiver fatores de risco como diabetes, histórico familiar de
doenças cardiovasculares, fumo, hipertensão, má alimentação e
sedentarismo. Nesse caso, os sintomas podem se prolongar para dor no
peito, no braço esquerdo, costas, mandíbula e estômago.
Por outro lado, se ele já teve os sintomas várias vezes ao longo da
vida, já foi ao médico e não foi diagnosticado nenhum problema de
coração, pode ser que o problema seja a síndrome do pânico, como
explicou o psiquiatra Daniel Barros. Nesse caso, é importante que seja
feito um acompanhamento conjunto com o psiquiatra e também o
cardiologista.
Em alguns casos, o pânico pode ter origem familiar ou relação com
histórias de vida, mas pode ser também desencadeado por fatos
estressantes, como vestibular, falecimento ou casamento, como lembrou o
psiquiatra. O transtorno é mais comum em mulheres e na fase adulta;
algumas pessoas, inclusive, podem ter uma crise uma única vez e nunca
mais ou podem sofrer várias cronicamente.
Para evitar que o estresse acumule, a dica é tirar 10 minutos do dia
para pensar em uma única imagem e nada mais, como um desenho simples de
uma árvore ou uma paisagem, por exemplo - essa técnica ajuda a "limpar" a
mente do excesso de preocupações que podem levar a uma crise de pânico.
Durante a crise, porém, isso não adianta muito; o ideal é fazer o
tratamento contínuo do transtorno com um psicólogo, psiquiatra e, em
alguns casos, medicamentos.
Segundo a cardiologista Roberta Saretta, também existem remédios que
ajudam a reduzir o risco de infarto, como os de pressão alta, os
anticoagulantes e as estatinas (para o colesterol). Nesse último caso, o
medicamento diminui a quantidade de colesterol na corrente sanguínea e
evita que se formem placas de gorduras na artéria. Porém, as estatinas
não eliminam as placas que já existem, apenas reduzem a inflamação que
elas causam, abrindo maior espaço para o fluxo de sangue.
É importante ainda que, para reduzir o risco de infarto e também da
síndrome do pânico, o paciente seja o mais ativo que puder e faça
exercício físico regularmente.
Isso porque, além de reduzir o estresse, ao se exercitar, o músculo
cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue,
criando caminhos alternativos caso a pessoa tenha um ataque cardíaco.
O psiquiatra Daniel Barros falou também sobre a diferença entre uma
simples timidez e a fobia social, outro problema que pode atrapalhar
muito o dia a dia. Algumas pessoas, por exemplo, têm medo de falar com
outras porque sentem que estão sendo observadas - isso pode ser uma
doença, a fobia social, que causa um medo inconsciente que acelera o
coração e a respiração.
Mesmo sabendo que nada grave vai acontecer ao falar com alguém, o medo
de dar algo errado é frequente nesses pacientes. De acordo com o
psiquiatra, o tratamento é feito com remédios e psicoterapia para que a
pessoa perca o medo de se expor aos poucos e volte a se relacionar
socialmente, o que faz muito bem à saúde