segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Maconha provoca modificações na estrutura cerebral e perda de memória de curto prazo

Estudo americano aponta que alterações cerebrais são parecidas com as da esquizofrenia em adolescentes que fizeram uso da droga diariamente, por três anos.

O uso contínuo e diário de maconha pode causar alterações na estrutura do cérebro parecidas com as da esquizofrenia. Em estudo com adolescentes, pesquisadores da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, relataram que as modificações cerebrais estão ligadas à perda de memória de curto prazo, o que compromete o desempenho escolar.
A pesquisa foi realizada com estudantes que fumavam diariamente durante três anos, entre os 16 e 17 anos, mais ou menos. As anormalidades cerebrais e problemas de memória foram constatadas dois anos após eles terem interrompido o consumo da droga, quando tinham cerca de vinte anos. O resultado aponta para os efeitos do uso crônico a longo prazo.
De acordo com os cientistas, as estruturas relacionadas com a memória pareciam encolher nos usuários, possivelmente refletindo uma diminuição nos neurônios. O estudo também mostra que as anormalidades cerebrais ligadas à maconha possuíam relação com o baixo desempenho da memória de curto prazo, o mesmo problema observado no cérebro de esquizofrênicos.
Nos últimos dez anos, os cientistas da Northwestern, em conjunto com outras instituições, têm apontado que mudanças na estrutura do cérebro podem alterar a forma como ele funciona.
Estudos anteriores já haviam avaliado os efeitos da maconha sobre o córtex, mas poucos haviam comparado diretamente o cérebro de usuários crônicos ao de esquizofrênicos. Esta é a primeira pesquisa a segmentar as regiões da área cinzenta subcortical afetadas por usuários e também é a única a ligar a área com a capacidade de processar informações do momento e, se necessário, transferi-las para a memória de longo prazo.
- O estudo relaciona o uso crônico de maconha a estas anormalidades cerebrais que parecem durar por pelo menos alguns anos depois de as pessoas pararem de usar a droga - disse o principal autor do estudo, Matthew Smith, professor de pesquisa em psiquiatria e ciências comportamentais da Escola de Medicina da Universidade de Northwestern Feinberg. - Com o movimento para descriminalizar a maconha, precisamos de mais pesquisas para compreender seu efeito sobre o cérebro.
Publicado nesta segunda na revista “Schizophrenia Bulletin“, o estudo analisou apenas um ponto no tempo e os cientistas afirmam que será preciso um estudo longitudinal para mostrar definitivamente se a maconha é responsável pelas alterações cerebrais e perda de memória.
- É possível que as estruturas cerebrais anormais revelem uma vulnerabilidade preexistente ao uso da droga - afirmou Smith. - Mas a evidência de que o sujeito mais novo a usar a droga apresentou maior anormalidade cerebral indica que a maconha pode ser a causa.
Cerca de 97 pessoas participaram do estudo, incluindo usuários de maconha saudáveis ou com esquizofrenia e não usuários saudáveis ou com esquizofrenia. Os que usaram maconha não fizeram uso crônico de qualquer outra droga.
Conexão entre maconha e esquizofrenia
Dos 15 usuários esquizofrênicos no estudo, 90% começaram a usar a droga intensamente antes de desenvolverem o transtorno mental. O uso crônico da maconha já havia sido relacionado com o desenvolvimento de esquizofrenia em pesquisas anteriores.
- O abuso de drogas de rua populares, tais como a maconha, pode ter implicações perigosas para os jovens que estão desenvolvendo ou vão desenvolver transtornos mentais - relatou outro autor do estudo, John Csernansky. - Esta pesquisa pode ser pioneira a revelar que o uso de maconha pode contribuir para as alterações na estrutura do cérebro que têm sido associados com a esquizofrenia.
Tanto os fumantes crônicos saudáveis quanto os com esquizofrenia tinham alterações cerebrais relacionadas com a droga. No entanto, os indivíduos com transtorno mental apresentaram maior deterioração no tálamo, uma estrutura tida como o centro de comunicação do cérebro e fundamental para a aprendizagem, a memória e as comunicações entre as regiões cerebrais.
- O uso crônico de maconha pode aumentar o processo de doença subjacente associada com a esquizofrenia - analisou Smith. - Se alguém tem um histórico familiar de esquizofrenia, ele pode estar aumentando seu risco de desenvolver o transtorno fazendo uso crônico da droga.

Fonte: http://oglobo.globo.com/saude/maconha-provoca-modificacoes-na-estrutura-cerebral-perda-de-memoria-de-curto-prazo-11064016

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sintomas de uma crise de pânico são parecidos aos de um infarto; entenda

Na crise, paciente pode ter falta de ar, transpiração e aceleração cardíaca

Sentir medo sem motivo e repentinamente pode ser um sinal de síndrome do pânico, um transtorno mental de ansiedade que causa ataques repentinos de temor em situações cotidianas, como durante o sono, por exemplo. Durante uma crise, a pessoa pode ter ainda sintomas parecidos aos de um infarto, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva, como explicaram a cardiologista Roberta Saretta e o psiquiatra Daniel Barros.

Caso esses sintomas apareçam pela primeira vez, o paciente deve ir imediatamente a um hospital para avaliar se é um infarto, especialmente se ele tiver fatores de risco como diabetes, histórico familiar de doenças cardiovasculares, fumo, hipertensão, má alimentação e sedentarismo. Nesse caso, os sintomas podem se prolongar para dor no peito, no braço esquerdo, costas, mandíbula e estômago.

Por outro lado, se ele já teve os sintomas várias vezes ao longo da vida, já foi ao médico e não foi diagnosticado nenhum problema de coração, pode ser que o problema seja a síndrome do pânico, como explicou o psiquiatra Daniel Barros. Nesse caso, é importante que seja feito um acompanhamento conjunto com o psiquiatra e também o cardiologista.

Em alguns casos, o pânico pode ter origem familiar ou relação com histórias de vida, mas pode ser também desencadeado por fatos estressantes, como vestibular, falecimento ou casamento, como lembrou o psiquiatra. O transtorno é mais comum em mulheres e na fase adulta; algumas pessoas, inclusive, podem ter uma crise uma única vez e nunca mais ou podem sofrer várias cronicamente.

Para evitar que o estresse acumule, a dica é tirar 10 minutos do dia para pensar em uma única imagem e nada mais, como um desenho simples de uma árvore ou uma paisagem, por exemplo - essa técnica ajuda a "limpar" a mente do excesso de preocupações que podem levar a uma crise de pânico. Durante a crise, porém, isso não adianta muito; o ideal é fazer o tratamento contínuo do transtorno com um psicólogo, psiquiatra e, em alguns casos, medicamentos.

Segundo a cardiologista Roberta Saretta, também existem remédios que ajudam a reduzir o risco de infarto, como os de pressão alta, os anticoagulantes e as estatinas (para o colesterol). Nesse último caso, o medicamento diminui a quantidade de colesterol na corrente sanguínea e evita que se formem placas de gorduras na artéria. Porém, as estatinas não eliminam as placas que já existem, apenas reduzem a inflamação que elas causam, abrindo maior espaço para o fluxo de sangue.

É importante ainda que, para reduzir o risco de infarto e também da síndrome do pânico, o paciente seja o mais ativo que puder e faça exercício físico regularmente.

Isso porque, além de reduzir o estresse, ao se exercitar, o músculo cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue, criando caminhos alternativos caso a pessoa tenha um ataque cardíaco.

O psiquiatra Daniel Barros falou também sobre a diferença entre uma simples timidez e a fobia social, outro problema que pode atrapalhar muito o dia a dia. Algumas pessoas, por exemplo, têm medo de falar com outras porque sentem que estão sendo observadas - isso pode ser uma doença, a fobia social, que causa um medo inconsciente que acelera o coração e a respiração. Mesmo sabendo que nada grave vai acontecer ao falar com alguém, o medo de dar algo errado é frequente nesses pacientes. De acordo com o psiquiatra, o tratamento é feito com remédios e psicoterapia para que a pessoa perca o medo de se expor aos poucos e volte a se relacionar socialmente, o que faz muito bem à saúde

Estudo diz que demência já atinge 44 milhões de pessoas no mundo

Até 2050, 135 milhões de pessoas apresentarão sintomas de demência.
Dados foram divulgados em relatório internacional.

O número de pessoas com demência no mundo aumentou em 22% nos últimos três anos, e já atinge 44 milhões de pessoas, revela um estudo publicado nesta quinta-feira (5).
Segundo o relatório da Alzheimer Disease International, esta quantidade deve triplicar até 2050, quando 135 milhões de pessoas podem apresentar demência no planeta, sendo 16 milhões na Europa Ocidental.
"É uma epidemia mundial, e só vai piorar. Se olharmos para o futuro, veremos que o número de pessoas idosas vai aumentar de forma significativa", declarou Marc Wortmann, diretor executivo da Alzheimer Disease International.
"É essencial que a Organização Mundial de Saúde faça da demência uma prioridade para que o mundo se prepare para enfrentar esta situação".
Na próxima semana será realizada, em Londres, uma reunião do G8 sobre a demência, qualificada pelo ministério da Saúde britânico como um 'desafio mundial crescente'.
"A reunião do G8 da próxima semana será uma oportunidade única para realizar progressos reais muito mais rapidamente e redobrar os esforços para encontrar tratamentos eficazes".

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/12/estudo-diz-que-demencia-ja-atinge-44-milhoes-de-pessoas-no-mundo.html