quarta-feira, 20 de março de 2013

Motorista que atingiu ciclista pode ter tido crise de pânico, dizem psiquiatras


Para eles, no entanto, isso não justifica atitudes de Alex Siwek.
Ataque de pânico pode levar a atitudes irracionais e pouco coerentes.


O estudante de psicologia Alex Siwek, que atropelou o ciclista David Santos de Souza e jogou seu braço em um córrego em São Paulo, pode ter sofrido um ataque de pânico circunstancial e momentâneo, capaz de levar a atitudes irracionais e pouco coerentes, afirmaram psiquiatras.

O ataque não caracteriza um transtorno mental e pode acometer qualquer pessoa em situação de estresse extremo, como por exemplo dentro de um elevador em queda ou durante um terremoto, ressalta o psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, supervisor do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria da USP, ligado ao Hospital das Clínicas.
O psiquiatra avalia existirem principalmente dois tipos de pânico: o transtorno ou síndrome do pânico, que se caracteriza por crises frequentes de ansiedade e medo, com ou sem fatores que causem seu surgimento, e o pânico situacional, que pode acometer pessoas comuns diante de ameaças, acidentes ou catástrofes.
"Tomar uma atitude irracional em um quadro de pânico é muito comum, como reagir a um assalto, por exemplo. As pessoas às vezes tomam medidas que elas mesmas desconheceriam", pondera Mello. "São atitudes reflexas em situações críticas."
Sem justificativa

Tanto Mello quanto o psiquiatra forense Guido Palomba, no entanto, concordam que um ataque de pânico não é capaz de justificar as atitudes de Siwek. O estudante apresentava sinais de embriaguez na hora do acidente, segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML). Testemunhas disseram ter visto o carro do jovem andando em zigue-zague na Avenida Paulista. Após atingir o ciclista, às 5h30 do domingo (10), ele deixou o local sem prestar socorro.

"Pode ser uma reação primitiva, de pânico, sim. Mas isso naturalmente não desculpa o comportamento, não justifica. Tudo isso [o pânico] pode nascer de um pensamento inicial do motorista de não socorrer", afirma Palomba. "Se ele [Siwek] tivesse socorrido, talvez ele não tivesse sofrido o pânico que sofreu. O pânico é o tributo que ele pagou, a consequência por não ter agido corretamente."
Para o psiquiatra forense, cada pessoa reage de uma maneira diante de situações extremas, mas há um comportamento comum aos casos: o estreitamento da consciência e a adoção de atitudes instintivas, feitas quase sem pensar. "Existe uma descarga de adrenalina junto com o estreitamento de consciência na hora do pânico", diz.
"Em vez de colocar a mão na cabeça e pensar: 'o que eu fiz?', a pessoa tem uma reação primitiva, insintiva de pouca crítica", ressalta Palomba, referindo-se às atitudes de Siwek - após atropelar um ciclista, ele deixou o amigo que estava no carro com ele em casa e foi à Avenida Doutor Ricardo Jafet, na Zona Sul de São Paulo, onde jogou o braço do atropelado em um córrego.
Provavelmente foi nesta condição pouco racional que o estudante de psicologia, após o atropelamento, dirigu-se a uma base da PM no Jardim da Saúde, também na Zona Sul, pedindo aos policiais para ser preso por acreditar que havia matado uma pessoa, analisa o psiquiatra forense.
Três atitudes

Mello explica que há três atitudes mais comuns diante de situações que causem pânico, como um assalto ou um acidente: paralisia, fuga ou enfrentamento. "Geralmente o enfrentamento ocorre quando você não tem opção", detalha. Para o psiquiatra, "a atitude dele [Siwek] parece ter sido de pânico e fuga".

Palomba discorda quanto à fuga. Ele acredita que, na hora do acidente, o motorista não teve pânico ou choque - este estado mental pode ter ocorrido depois, quando viu o braço preso em seu carro. Segundo o advogado de Siwek, o jovem ficou atordoado na hora do acidente e, em um primeiro momento, não viu o membro pendurado no veículo.
"Acho que a bebida alcoólica o levou a cometer esse crime de trânsito, a não ajudar o ciclista", diz o psiquiatra forense. "Se não houvesse o braço pendurado, se o carro estivesse só um pouco amassado, ficaria por isso mesmo. Tudo nasce desta cena, ali ele [Siwek] viu que o negócio era muito grave."
Imaturidade

Outra hipótese para a reação de Siwek é uma grande imaturidade, diz o especialista do Hospital das Clínicas da USP. "Uma pessoa imatura não julga estas situações de forma coerente, ela entra em pânico e acaba cometendo uma coisa pior ainda", ressalta.

Mello recorda o incêndio de Santa Maria ao falar sobre situações que causam pânico. "Em um incêndio em uma danceteria, ficar em pânico pode ser um fator de vida ou morte", reflete. O desespero pode fazer com que as pessoas se atrapalhem e não consigam sair do local em chamas.
"Em um assalto, por exemplo, o melhor é ter uma reação de paralisia do que de enfrentamento", pondera o psiquiatra.
Na opinião de Palomba, o acidente se deveu em grande parte ao uso de álcool. Ele, no entanto, considera que a bebida não deve ter influenciado a reação do motorista após o atropelamento. "Isso tudo deve ter ocorrido quando ele estava mais sóbrio", diz o psiquiatra forense.
Mello pondera que só uma análise do histórico do rapaz e uma avaliação psicológica podem dizer se o estudante sofre de algum transtorno mental. "Não se pode julgar o comportamento da pessoa de forma transversal", afirma. "Precisa ver comportamento dela na infância, a forma que evoluiu."
Como ocorreu o acidente

Na descrição da polícia, o motorista Alex Siwek estava dentro de um Honda Fit ao lado de um amigo quando o acidente ocorreu. O braço direito do ciclista foi amputado por estilhaços de vidro do pára-brisa e permaneceu preso ao veículo.

O motorista fugiu do local, deixou o amigo em casa e depois foi à Avenida Doutor Ricardo Jafet, de onde lançou o braço em um córrego. Depois, voltou à própria casa, guardou o carro na garagem e dirigiu-se a pé à unidade policial para se entregar.
O exame clínico apontou que o motorista havia ingerido bebida alcoólica antes do acidente. A comanda de consumo de Alex Siwek, paga na casa noturna de onde ele saiu antes de atropelar o ciclista, mostra que ele pagou por três doses de vodca e um energético. O horário que a comanda individual de consumo foi fechada, às 6h, porém, é posterior ao horário do acidente, ocorrido às 5h30.
O advogado de Siwek, Pablo Naves Testone, afirma que o estudante de psicologia não tem antecedentes criminais e que reúne os requisitos para responder ao processo em liberdade. Diz ainda que a família do rapaz está muito assustada com a repercussão do caso e que já sofreu ameaças.
"Acharam o número da residência fixa, e ligaram falando bobagens, como a mãe e o pai educaram o menino, falando que iam matá-los." A ligação foi atendida pela mãe de Alex, que, segundo o advogado, está tomando rémedios por conta dos últimos acontecimentos. "Todos estão comovidos, sabem que foi aterrorizante, e que o menino será julgado pelo que fez, mas algumas pessoas estão exagerando."
O estudante foi transferido para o Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, na terça-feira (12). Ele estava no CDP 2 do Belém, na Zona Leste, desde segunda (11). Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Siwek ficará em regime de observação, sem contato com os outros presidiários, para se adaptar ao regime carcerário. Durante o período, ele só poderá receber visita de seus advogados.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Cientistas ligam anomalias genéticas a problemas mentais comuns


Mudanças genéticas comuns podem estar entre as causas dos problemas.
Autismo, transtorno bipolar e esquizofrenia estão entre doenças do estudo.


Anomalias genéticas comuns foram encontradas em cinco grandes problemas mentais, segundo o maior estudo já realizado sobre o tema e publicado nesta quinta-feira (28).

Cientistas americanos analisaram o patrimônio genético de 33.332 pacientes portadores de transtornos autistas, transtornos de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno bipolar, depressão maior e esquizofrenia.
O genoma dos pacientes foi comparado com o de um grupo de controle, composto por 27.888 pessoas sem registro de nenhum destes transtornos.
Os cientistas descobriram que os cinco problemas tinham em comum defeitos nos cromossomos 2 e 10, assim como em outros dois genes que participam da regulação do cálcio nas células do cérebro.
Um destes genes, denominado CACNA1C, só havia sido associado a transtornos bipolares e à esquizofrenia.
Segundo o estudo, publicado na revista médica britânica "Lancet", os genes fazem parte de um quadro geral e não podem, sozinhos, explicar as causas destes transtornos.
Os genes estudados provieram, na maioria, de pessoas de origem europeia, segundo os autores do estudo, para quem os resultados poderiam ser diferentes com pessoas originárias de outras regiões. Eles esperam que os resultados do estudo permitam melhorar o diagnóstico de doenças psiquiátricas.
A classificação de distúrbios mentais é muito delicada porque os sintomas podem ser vagos e contraditórios.
Outros estudos genéticos já tinham demonstrado pontos em comum entre diversas doenças autoimunes, como a artrite, a psoríase ou a doença de Crohn, uma enfermidade inflamatória crônica do intestino.

Depressão pode causar alterações no sono e peso e só passa se tratada


Ficar muito triste sem motivo e por muito tempo pode ser um sinal de alerta.
Ao contrário de uma simples tristeza, depressão só passa com tratamento.

Sentir-se triste às vezes por causa de um motivo específico é normal, mas quando essa tristeza aparece do nada e afeta a vontade de fazer atividades simples do dia a dia, pode ser um sinal de alerta.
A tristeza tem uma causa específica e não afeta a rotina do paciente, ao contrário da depressão, que persiste, aparece do nada e pode prejudicar muito a qualidade de vida, inclusive causar alterações no sono e peso.
Ao contrário da tristeza que logo passa, a depressão só passa se for bem tratada - seja com medicamentos, psicoterapia ou outras técnicas. Caso o paciente não faça o tratamento, ele pode perder anos saudáveis de sua vida porque perde a vontade de trabalhar, socializar e ter uma rotina normal. Estima-se que a doença atinja entre 5% e 10% das pessoas no país, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo.
Além de prejudicar o dia a dia e fazer a pessoa se isolar, a depressão pode causar também perda de apetite, dificuldade para realizar tarefas cotidianas, sentimentos de impotência e culpa e, em casos mais graves, até mesmo pensamentos e tentativas de suicídio.
Por isso, a pessoa que tem esses sintomas por mais de duas semanas contínuas devem procurar imediatamente um médico. Se diagnosticada a depressão, ela fará um tratamento com remédios e psicoterapia, além de outras técnicas auxiliares, como exercícios físicos, acupuntura e boa alimentação.
A dieta, inclusive, pode também provocar sintomas parecidos aos da depressão. Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, a falta de nutrientes, como ferro, vitamina B 12 e vitamina D, e doenças como hipotiroidismo e anemia são alguns dos fatores que podem afetar o cérebro. Por outro lado, existem alimentos que fazem bem para o sistema nervoso, como as carnes vermelhas e os peixes.
Além da alimentação, existem também algumas dicas de hábitos que podem ajudar a combater a tristeza, como recomendaram os médicos. Por exemplo, registrar em um caderno as coisas pelas quais a pessoa é grata, anotar o que é positivo no dia a dia e investir em boas experiências são atitudes que, comprovadamente, trazem sensação de prazer e bem-estar.
Depressão pós-parto

A depressão pode aparecer também após a gravidez e causar desânimo, tristeza, prostração, falta de fome, falta de apetite sexual e principalmente excesso de preocupação com os recém-nascidos.

Segundo o psiquiatra Joel Rennó Jr., mulheres com depressão pós-parto se preocupam excessivamente com os filhos, ficam noites sem dormir e acabam prejudicando a própria vida e também do marido.

Porém, elas costumam se sentir envergonhadas de procurar um médico já que esse período deveria ser de alegria e não de tristeza profunda. Com isso, acabam criando uma angústia existencial e sofrem muito. Portanto, ao identificar qualquer um desses sinais após a gestação, é extremamente importante procurar um especialista para ajudar a tornar esse momento feliz e prazeroso para toda a família.


sexta-feira, 15 de março de 2013

Estudo mostra de que forma dormir pouco engorda

Nova pesquisa observou que cinco dias de sono restrito pode engordar um quilo. Isso porque o hábito leva uma pessoa a comer mais do que necessita, especialmente nos horários em que deveria estar dormindo   

Passar cinco dias dormindo pouco – menos do que cinco horas por noite — pode ser o suficiente para fazer com que uma pessoa engorde cerca de um quilo, concluiu um novo estudo da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, quem passa mais horas acordado, embora gaste mais energia, come mais do que precisa e, assim, ingere uma quantidade de calorias maior do que gasta, especialmente à noite, o que acaba promovendo o ganho de peso.   

Essas conclusões foram publicadas nesta segunda-feira no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Segundo escreveram os autores do estudo no artigo, diversos estudos já relacionaram o hábito de dormir pouco a uma maior propensão à obesidade, mas poucos conseguiram encontrar uma explicação para tal associação.   

A pesquisa começou quando a equipe selecionou 16 pessoas saudáveis com uma idade média de 24 anos. Os participantes apresentavam um peso normal, com um índice de massa corporal (IMC) de, em média, 22,9 (o IMC ideal é de 18,5 a 25. Acima disso, o indivíduo é considerado com sobrepeso ou obesidade). Além disso, nenhum deles apresentava problemas em relação à duração do sono: eles dormiam, normalmente, cerca de oito horas por noite.   
Ambiente controlado — Durante duas semanas, essas 16 pessoas viveram no Hospital da Universidade do Colorado e dormiram em um dos "quartos do sono" da unidade, onde os pesquisadores são capazes de controlar e monitorar o sono dos pacientes. Nos primeiros três dias, a duração do sono e a quantidade de calorias ingeridas pelos voluntários foram controlados – os participantes dormiam cerca de nove horas por noite e consumiam a energia necessária para manter seu peso.   

Depois disso, os participantes foram divididos em dois grupos: um deles passou os cinco dias seguintes dormindo apenas cinco horas por noite, e o restante dos voluntários continuou dormindo nove horas por noite. Após esse período, os participantes trocaram de grupo. Nessa etapa da pesquisa, a equipe ofereceu a ambos os grupos refeições fartas e livre acesso a lanches durante o dia, que incluíam alimentos como frutas, iogurte, sorvete e salgadinhos.   

Segundo os resultados, o grupo que passou os cinco dias dormindo menos tempo gastou, em média, 5% a mais de energia do que os voluntários que descansaram por nove horas. No entanto, eles consumiram cerca de 6% a mais de calorias. Além disso, quem teve menos horas de sono apresentou uma maior tendência a comer menos no café-da-manhã, mas a exagerar nos lanches feitos durante a noite e após o jantar, que correspondiam, no geral, à refeição mais calórica do dia.   

“Nossos achados mostram que, quando as pessoas têm o sono restrito, elas se alimentam durante seus horários biológicos noturnos, quando o organismo não está preparado para receber comida”, disse Kenneth Wright, diretor do Laboratório do Sono e Cronobiologia da Universidade do Colorado e coordenador do estudo.   

Questão de gênero — Os autores do estudo também descobriram que, embora tanto homens quanto mulheres tenham ganhado peso com a restrição do sono, os participantes do sexo masculino também engordaram quando tiveram acesso irrestrito aos alimentos, mesmo dormindo nove horas por noite. As voluntárias, por outro lado, mantiveram seu peso com o sono suficiente, independentemente da quantidade de comida à disposição delas.
 
Fonte: Veja online de 14 março de 2012