quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Hipotireoidismo pode dar queda de cabelo, depressão e impotência


Endocrinologistas explicaram mitos e verdades dos problemas na tireoide.
Autoexame da glândula a cada 6 meses é importante para prevenir doenças.


Todo mundo tem tireoide, uma glândula em forma de borboleta que fica localizada no pescoço, logo abaixo do “pomo-de-adão”. Ela regula a função de órgãos como coração, cérebro, fígado e rins, e é responsável por produzir os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Em um adulto normal, essa glândula pesa cerca de 15 gramas.

A tireoide atua diretamente no crescimento e no desenvolvimento de crianças e adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor e no controle emocional.

O que algumas pessoas têm é um distúrbio nessa região, que faz com que o organismo fique mais ou menos acelerado. Os problemas podem aparecer em qualquer fase da vida, do recém-nascido ao idoso, em homens e mulheres.

Hipo e hipertireoidismo

No caso do hipotireoidismo, há uma produção insuficiente de hormônios. Tudo passa a funcionar mais lentamente: o coração bate devagar, o intestino prende e o crescimento pode ficar comprometido.
Ocorrem também a diminuição da capacidade de memória, cansaço, dores musculares e nas articulações, sonolência, pele seca, ganho de até 4 kg, aumento nos níveis de colesterol e, em alguns casos, depressão. Pode haver ainda frio, queda de cabelo e infertilidade.
Nessa situação, o organismo tenta "parar” o indivíduo, já que não há "combustível" para gastar. Apesar de ser mais comum acima dos 40 anos, o hipotireoidismo pode ocorrer em todas as fases da vida. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos podem ter a doença.
No outro extremo, há o hipertireoidismo, ou seja, a produção excessiva de hormônios. Tudo começa a funcionar rápido demais: o coração dispara, o intestino solta, os olhos ficam saltados, a pessoa fica agitada, fala demais, gesticula muito e dorme pouco, pois se sente com muita energia, mas também muito cansada.
Quem tem disfunção na tireoide deve fazer um acompanhamento a cada 6 meses para avaliar a dosagem dos hormônios. Se você tem alguma desregulagem, não tenha receio de fazer a reposição hormonal. Ela proporciona ao organismo aquilo que a glândula não consegue mais fazer sozinha.
O hipotireoidismo também pode ser detectado pelo teste do pezinho. Retira-se uma gota de sangue do pé do bebê no terceiro dia de vida. O exame ajuda a verificar se a tireoide está funcionando bem, além de atestar a ocorrência de outras doenças. Se o hipotireoidismo congênito for controlado de forma adequada e precoce, a criança terá uma vida normal.
O hipotireoidismo atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. Mas certos grupos são mais vulneráveis:

- Mulheres, especialmente acima dos 40 anos

- Homens acima dos 65 anos

- Pacientes em radioterapia de cabeça e pescoço

- Pessoas que já tiveram problemas de tireoide

- Usuários de lítio (estabilizador de humor) ou amiodarona (contra arritmia cardíaca)

- Indivíduos com histórico familiar de doenças autoimunes


Estudos mostram que 2,3% das mulheres com mais de um ano de infertilidade têm hipotireoidismo. O problema também dá disfunção ovulatória em 69% dos casos. Porém, 64% das pacientes engravidam quando recebem a reposição hormonal adequada. Por isso, quem quiser ter filho deve antes fazer um exame para saber como está a função tireoidiana.
Nódulos e câncer


Para fazer o autoexame da tireoide, é preciso ter um copo de água e um espelho. Segure o espelho e procure no pescoço a região logo abaixo do pomo-de-adão ou “gogó”. Ali está a sua tireoide.

Incline o pescoço para trás, para que a glândula fique mais exposta. Então beba um pouco de água para fazer com que a tireoide suba e desça. Observe se existe algum caroço ou saliência. Se houver alteração, procure um endocrinologista.
Um dos problemas mais frequentes da tireoide são os nódulos, que não apresentam sintomas. Por essa razão, o reconhecimento precoce pode salvar vidas. Uma vez identificado o nódulo, o médico solicitará uma série de exames complementares para confirmar a presença ou não de um câncer.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, estima-se que 10% da população adulta tenha nódulos na tireoide, sendo 90% benignos e 10% malignos. A incidência de nódulos malignos aumentou 10% na última década, mas a mortalidade diminuiu.
As mulheres têm três vezes mais nódulos que os homens, mas no caso deles costumam ser mais malignos. A faixa etária de maior risco vai dos 25 aos 65 anos.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), houve um aumento na incidência de tumor da tireoide no Brasil, especialmente entre as mulheres. Atualmente, esse câncer é o quinto mais frequente no sexo feminino: perde apenas para o de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto. Na sequência, vêm os de pulmão, estômago e ovário.
De acordo com o Inca, o crescimento dos casos se deve a exames mais eficazes, como a ultrassonografia. O principal fator de risco para o desenvolvimento da doença é a exposição à radiação ionizante, que vem do ambiente ou de tratamentos médicos. Dieta e componente genético também aumentam as chances.
Além disso, estudos mais recentes investigam a associação da obesidade com o câncer de tireoide. Nas populações das grandes cidades, onde há alto consumo de alimentos prontos, artigos de limpeza e compostos tóxicos, esse risco tende a ser maior.

Enxaquecas aumentam risco de depressão em mulheres

Mulheres que sofrem ou já sofreram de enxaqueca correm maior risco de desenvolver depressão, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (22). A pesquisa será apresentada em abril durante o encontro anual da Academia Americana de Neurologia.


A pesquisa usou dados de mais de 36 mil mulheres sem depressão. Elas foram divididas em quatro grupos: as que têm enxaqueca com aura – uma distorção colorida na visão que ocorre em crises agudas –; as que têm enxaqueca sem aura; as que tiveram enxaqueca no passado e não sofreram crises por mais de um ano; e as que não têm histórico de enxaqueca.
Depois de 14 anos de acompanhamento das pacientes, a maioria das mulheres com enxaqueca desenvolveu depressão: foram 3.971 deprimidas, de um total de 6.456 pessoas.
A pesquisa concluiu que as mulheres com histórico de enxaquecas correm um risco 40% maior de desenvolver depressão, em comparação com as mulheres que nunca sofreram com o problema. A presença ou não da aura se mostrou irrelevante nesse aspecto.
Para o autor Tobias Kurth, do Hospital Brigham and Women's, em Boston, nos EUA, o estudo deve servir como um incentivo para que os médicos alertem suas pacientes com enxaqueca sobre a relação para que sejam encontradas maneiras de prevenir a depressão.