terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Entendimento entre médico e paciente facilita o tratamento

Diálogo faz com que os remédios sejam tomados com mais regularidade.
Doenças silenciosas como diabetes e hipertensão exigem controle diário.

 

Se muita gente já tem problemas para tomar remédios quando está passando mal, a dificuldade é ainda maior quando se tratam das chamadas doenças “silenciosas”. Doenças crônicas como diabetes, hipertensão ou depressão exigem disciplina do paciente, para que ele siga à risca as instruções do médico mesmo que não consiga perceber o efeito imediato dos medicamentos.

Estudos mostram que menos de 30% dos pacientes que sofrem com esses tipos de males conseguem aderir corretamente ao tratamento. Do ponto de vista médico, esse é um problema grave, já que essas doenças não tem cura, e a única forma de mantê-las sob controle é tomar os medicamentos regularmente.

O cardiologista Roberto Kalil e o psiquiatra Daniel Barros explicam que há quatro formas diferentes de se motivar para seguir o tratamento.

A chamada motivação “externa” é quando a pessoa só faz aquilo porque alguém mandou; é a forma mais fraca, porque a pessoa não está convencida do objetivo do tratamento. A motivação “interna”, de quando a pessoa só segue para não se sentir culpada, também não é a melhor.

As melhores formas de se motivar para o tratamento são a “identificada” – em que o paciente realmente compreende o problema que tem e como controlá-lo – e a “intrínseca” – em que ele toma gosto pelo tratamento, exatamente porque sabe que terá bons resultados.

Para atingir esse nível de compreensão, o paciente precisa realmente conversar com o médico. Se você não entender tudo que o especialista te disser, peça-o para repetir com outras palavras, até que não restem dúvidas sobre como funcionam a doença e o tratamento necessário.

Caso tenha alguma dificuldade para seguir um tratamento específico, converse com o médico antes de sair do consultório. Dessa forma, talvez seja possível encontrar uma alternativa melhor, que facilitará no controle do problema de saúde.

Os elementos da loucura

Pesquisa nacional revela que níveis de zinco e potássio nas células cerebrais estariam ligados à esquizofrenia


Pesquisadores brasileiros conseguiram revelar pela primeira vez que as células cerebrais vivas de uma pessoa diagnosticada com esquizofrenia apresentam níveis elevados de dois elementos químicos — potássio e zinco — que podem ser revertidos com o uso de medicamentos. A descoberta abre caminho para uma melhor compreensão das causas desta síndrome mental, assim como para o desenvolvimento de novos tratamentos.

Embora há algum tempo os cientistas desconfiassem que concentrações anormais destes e outros elementos, como cobre, selênio e manganês (que em quantidades muito pequenas são essenciais para o bom funcionamento das células), estivessem relacionadas ao aparecimento da esquizofrenia, os estudos anteriores tinham sido feitos apenas em tecidos não neurais, como sangue, ou em análises das células cerebrais de pacientes mortos, sem resultados conclusivos.

Estudo inédito com células vivas

Para contornar estas limitações, os cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino colheram células da pele de um paciente esquizofrênico e as fizeram regredir ao estágio de células-tronco por meio de técnicas de reprogramação genética.

Conhecidas como células-tronco de pluripotência induzida (IPS, na sigla em inglês), elas foram então induzidas a se diferenciarem em células cerebrais chamadas progenitoras neurais, semelhantes às presentes durante a fase de desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso em embriões. Vivas, estas células passaram por análises espectroscópicas por raios X no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, o que permitiu aos pesquisadores medir com precisão as quantidades dos elementos químicos nelas.

— Havia toda uma controvérsia na literatura científica sobre a ligação entre as concentrações destes elementos nas células cerebrais com a esquizofrenia, com alguns estudos indicando níveis mais altos que os normais, enquanto outros mostravam mais baixos — conta Stevens Rehen, da UFRJ e do Instituto D’Or, um dos autores do estudo, recentemente aceito para publicação no periódico científico “Schizophrenia Research”. — Até agora, porém, não tinha sido feita nenhuma medição da presença destes elementos em células equivalentes a neurônios vivos, então usamos a tecnologia síncrotron e varreduras de alto conteúdo para identificar todos traços de elementos nelas.

Segundo Rehen, as análises mostraram que o estresse oxidativo faz com que as células cerebrais derivadas do paciente esquizofrênico tenham uma quantidade de zinco cerca de três vezes superior à de uma pessoa comum, trazendo a reboque uma elevação nos níveis de potássio, já que os canais de troca deste elemento nas células são controlados pelo zinco.

— Como consequência disso, a comunicação entre as células fica alterada, o que pode ajudar a explicar os disparos nos neurônios de uma pessoa com esquizofrenia que seriam a causa dos sintomas típicos da doença, como alucinações, depressão e déficit cognitivo — diz Rehen.

Em um passo seguinte, os pesquisadores procuraram por maneiras de levar os níveis de zinco e potássio das células cerebrais do paciente esquizofrênico de volta aos de uma pessoa comum, obtendo sucesso com o valproato ou ácido valproico, um medicamento já disponível e atualmente usado para tratamento de epilepsia, desordens bipolares e prevenção de enxaquecas.

— Isso não quer dizer que encontramos uma cura para a esquizofrenia, mas sim que descobrimos um mecanismo de alteração nas células cerebrais de um paciente esquizofrênico que pode ser revertido com um medicamento — ressalta Rehen, lembrando que o paciente em questão não responde aos tratamentos com as drogas antipsicóticas padrão para casos da doença. — Assim, pelo menos no caso deste paciente, ele poderia se beneficiar de uma terapia que devolvesse os níveis de zinco e potássio de suas células cerebrais aos comuns, em um exemplo de medicina personalizada.

Ainda em prosseguimento ao estudo, Rehen e sua equipe estão desenvolvendo outras linhagens de células cerebrais de outros pacientes esquizofrênicos para verificar se elas também apresentam alterações nas concentrações de zinco e potássio e respondem da mesma forma ao tratamento com valproato.

— Talvez estas alterações sejam específicas de apenas alguns pacientes esquizofrênicos que não respondem a outras terapias, mas independentemente do que vamos encontrar, vamos avançar na compreensão desta doença que afeta aproximadamente 1% de todas pessoas — diz. 

Biobanco para 17 doenças 

E a esquizofrenia é apenas a primeira de uma série de doenças cujos mecanismos os pesquisadores brasileiros poderão estudar a partir da geração de células-tronco de pacientes e a indução de sua diferenciação nos tecidos afetados ou relacionados. Segundo Rehen, o Ministério da Saúde está organizando junto às instituições de pesquisa a formação de um biobanco com IPS produzidas a partir de células de pacientes com um total de 17 desordens e males, abrangendo desde esquizofrenia, autismo, Parkinson, Alzheimer e síndrome de Down a problemas no coração e diabetes. O objetivo é que o biobanco esteja totalmente pronto e funcionando num prazo de dois anos.

— Desde a descoberta de que é possível fazer células adultas regredirem ao estágio de células-tronco, elas vêm sendo muito usadas nos países desenvolvidos como plataforma para estudar diversas doenças e agora já podemos começar a fazer isso aqui também, retomando investimentos e estudos em áreas que foram abandonadas pelas grandes indústrias farmacêuticas pela falta ou lentidão nos resultados — afirma. — Com o biobanco, os pesquisadores brasileiros poderão trabalhar diretamente com as células do tipo que são afetadas pelas doenças vindas dos próprios pacientes, o que pode revelar mecanismos ainda desconhecidos das doenças além de servirem de base para testes de novos medicamentos e tratamentos.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Maconha provoca modificações na estrutura cerebral e perda de memória de curto prazo

Estudo americano aponta que alterações cerebrais são parecidas com as da esquizofrenia em adolescentes que fizeram uso da droga diariamente, por três anos.

O uso contínuo e diário de maconha pode causar alterações na estrutura do cérebro parecidas com as da esquizofrenia. Em estudo com adolescentes, pesquisadores da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, relataram que as modificações cerebrais estão ligadas à perda de memória de curto prazo, o que compromete o desempenho escolar.
A pesquisa foi realizada com estudantes que fumavam diariamente durante três anos, entre os 16 e 17 anos, mais ou menos. As anormalidades cerebrais e problemas de memória foram constatadas dois anos após eles terem interrompido o consumo da droga, quando tinham cerca de vinte anos. O resultado aponta para os efeitos do uso crônico a longo prazo.
De acordo com os cientistas, as estruturas relacionadas com a memória pareciam encolher nos usuários, possivelmente refletindo uma diminuição nos neurônios. O estudo também mostra que as anormalidades cerebrais ligadas à maconha possuíam relação com o baixo desempenho da memória de curto prazo, o mesmo problema observado no cérebro de esquizofrênicos.
Nos últimos dez anos, os cientistas da Northwestern, em conjunto com outras instituições, têm apontado que mudanças na estrutura do cérebro podem alterar a forma como ele funciona.
Estudos anteriores já haviam avaliado os efeitos da maconha sobre o córtex, mas poucos haviam comparado diretamente o cérebro de usuários crônicos ao de esquizofrênicos. Esta é a primeira pesquisa a segmentar as regiões da área cinzenta subcortical afetadas por usuários e também é a única a ligar a área com a capacidade de processar informações do momento e, se necessário, transferi-las para a memória de longo prazo.
- O estudo relaciona o uso crônico de maconha a estas anormalidades cerebrais que parecem durar por pelo menos alguns anos depois de as pessoas pararem de usar a droga - disse o principal autor do estudo, Matthew Smith, professor de pesquisa em psiquiatria e ciências comportamentais da Escola de Medicina da Universidade de Northwestern Feinberg. - Com o movimento para descriminalizar a maconha, precisamos de mais pesquisas para compreender seu efeito sobre o cérebro.
Publicado nesta segunda na revista “Schizophrenia Bulletin“, o estudo analisou apenas um ponto no tempo e os cientistas afirmam que será preciso um estudo longitudinal para mostrar definitivamente se a maconha é responsável pelas alterações cerebrais e perda de memória.
- É possível que as estruturas cerebrais anormais revelem uma vulnerabilidade preexistente ao uso da droga - afirmou Smith. - Mas a evidência de que o sujeito mais novo a usar a droga apresentou maior anormalidade cerebral indica que a maconha pode ser a causa.
Cerca de 97 pessoas participaram do estudo, incluindo usuários de maconha saudáveis ou com esquizofrenia e não usuários saudáveis ou com esquizofrenia. Os que usaram maconha não fizeram uso crônico de qualquer outra droga.
Conexão entre maconha e esquizofrenia
Dos 15 usuários esquizofrênicos no estudo, 90% começaram a usar a droga intensamente antes de desenvolverem o transtorno mental. O uso crônico da maconha já havia sido relacionado com o desenvolvimento de esquizofrenia em pesquisas anteriores.
- O abuso de drogas de rua populares, tais como a maconha, pode ter implicações perigosas para os jovens que estão desenvolvendo ou vão desenvolver transtornos mentais - relatou outro autor do estudo, John Csernansky. - Esta pesquisa pode ser pioneira a revelar que o uso de maconha pode contribuir para as alterações na estrutura do cérebro que têm sido associados com a esquizofrenia.
Tanto os fumantes crônicos saudáveis quanto os com esquizofrenia tinham alterações cerebrais relacionadas com a droga. No entanto, os indivíduos com transtorno mental apresentaram maior deterioração no tálamo, uma estrutura tida como o centro de comunicação do cérebro e fundamental para a aprendizagem, a memória e as comunicações entre as regiões cerebrais.
- O uso crônico de maconha pode aumentar o processo de doença subjacente associada com a esquizofrenia - analisou Smith. - Se alguém tem um histórico familiar de esquizofrenia, ele pode estar aumentando seu risco de desenvolver o transtorno fazendo uso crônico da droga.

Fonte: http://oglobo.globo.com/saude/maconha-provoca-modificacoes-na-estrutura-cerebral-perda-de-memoria-de-curto-prazo-11064016

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sintomas de uma crise de pânico são parecidos aos de um infarto; entenda

Na crise, paciente pode ter falta de ar, transpiração e aceleração cardíaca

Sentir medo sem motivo e repentinamente pode ser um sinal de síndrome do pânico, um transtorno mental de ansiedade que causa ataques repentinos de temor em situações cotidianas, como durante o sono, por exemplo. Durante uma crise, a pessoa pode ter ainda sintomas parecidos aos de um infarto, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva, como explicaram a cardiologista Roberta Saretta e o psiquiatra Daniel Barros.

Caso esses sintomas apareçam pela primeira vez, o paciente deve ir imediatamente a um hospital para avaliar se é um infarto, especialmente se ele tiver fatores de risco como diabetes, histórico familiar de doenças cardiovasculares, fumo, hipertensão, má alimentação e sedentarismo. Nesse caso, os sintomas podem se prolongar para dor no peito, no braço esquerdo, costas, mandíbula e estômago.

Por outro lado, se ele já teve os sintomas várias vezes ao longo da vida, já foi ao médico e não foi diagnosticado nenhum problema de coração, pode ser que o problema seja a síndrome do pânico, como explicou o psiquiatra Daniel Barros. Nesse caso, é importante que seja feito um acompanhamento conjunto com o psiquiatra e também o cardiologista.

Em alguns casos, o pânico pode ter origem familiar ou relação com histórias de vida, mas pode ser também desencadeado por fatos estressantes, como vestibular, falecimento ou casamento, como lembrou o psiquiatra. O transtorno é mais comum em mulheres e na fase adulta; algumas pessoas, inclusive, podem ter uma crise uma única vez e nunca mais ou podem sofrer várias cronicamente.

Para evitar que o estresse acumule, a dica é tirar 10 minutos do dia para pensar em uma única imagem e nada mais, como um desenho simples de uma árvore ou uma paisagem, por exemplo - essa técnica ajuda a "limpar" a mente do excesso de preocupações que podem levar a uma crise de pânico. Durante a crise, porém, isso não adianta muito; o ideal é fazer o tratamento contínuo do transtorno com um psicólogo, psiquiatra e, em alguns casos, medicamentos.

Segundo a cardiologista Roberta Saretta, também existem remédios que ajudam a reduzir o risco de infarto, como os de pressão alta, os anticoagulantes e as estatinas (para o colesterol). Nesse último caso, o medicamento diminui a quantidade de colesterol na corrente sanguínea e evita que se formem placas de gorduras na artéria. Porém, as estatinas não eliminam as placas que já existem, apenas reduzem a inflamação que elas causam, abrindo maior espaço para o fluxo de sangue.

É importante ainda que, para reduzir o risco de infarto e também da síndrome do pânico, o paciente seja o mais ativo que puder e faça exercício físico regularmente.

Isso porque, além de reduzir o estresse, ao se exercitar, o músculo cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue, criando caminhos alternativos caso a pessoa tenha um ataque cardíaco.

O psiquiatra Daniel Barros falou também sobre a diferença entre uma simples timidez e a fobia social, outro problema que pode atrapalhar muito o dia a dia. Algumas pessoas, por exemplo, têm medo de falar com outras porque sentem que estão sendo observadas - isso pode ser uma doença, a fobia social, que causa um medo inconsciente que acelera o coração e a respiração. Mesmo sabendo que nada grave vai acontecer ao falar com alguém, o medo de dar algo errado é frequente nesses pacientes. De acordo com o psiquiatra, o tratamento é feito com remédios e psicoterapia para que a pessoa perca o medo de se expor aos poucos e volte a se relacionar socialmente, o que faz muito bem à saúde

Estudo diz que demência já atinge 44 milhões de pessoas no mundo

Até 2050, 135 milhões de pessoas apresentarão sintomas de demência.
Dados foram divulgados em relatório internacional.

O número de pessoas com demência no mundo aumentou em 22% nos últimos três anos, e já atinge 44 milhões de pessoas, revela um estudo publicado nesta quinta-feira (5).
Segundo o relatório da Alzheimer Disease International, esta quantidade deve triplicar até 2050, quando 135 milhões de pessoas podem apresentar demência no planeta, sendo 16 milhões na Europa Ocidental.
"É uma epidemia mundial, e só vai piorar. Se olharmos para o futuro, veremos que o número de pessoas idosas vai aumentar de forma significativa", declarou Marc Wortmann, diretor executivo da Alzheimer Disease International.
"É essencial que a Organização Mundial de Saúde faça da demência uma prioridade para que o mundo se prepare para enfrentar esta situação".
Na próxima semana será realizada, em Londres, uma reunião do G8 sobre a demência, qualificada pelo ministério da Saúde britânico como um 'desafio mundial crescente'.
"A reunião do G8 da próxima semana será uma oportunidade única para realizar progressos reais muito mais rapidamente e redobrar os esforços para encontrar tratamentos eficazes".

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/12/estudo-diz-que-demencia-ja-atinge-44-milhoes-de-pessoas-no-mundo.html

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ser 'um pouco psicopata' no trabalho melhora desempenho, diz psicólogo

Em livro, britânico Kevin Dutton diz que adotar alguns traços típicos de serial killers pode trazer benefícios no ambiente profissional.


Para muitos de nós, psicopatas são seres perigosos que, armados com facas, deveriam passar o resto de seus dias atrás das grades.
O especialista em psicologia experimental da Universidade de Oxford Kevin Dutton pensa diferente. Para ele, ao contrário do que reza o imaginário popular, podemos aprender -- e muito -- com eles.
"É verdade que, quando psicólogos como eu usam a palavra 'psicopata', imagens de serial killers como Ted Bundy (que estuprou e matou mais de 30 meninas e mulheres nos Estados Unidos nos anos 70) logo vêm à mente de todo mundo", diz Dutton.
No entanto, ele argumenta que todo mundo pode se beneficiar ao ser mais implacável, destemido, autoconfiante, focado, frio, charmoso ou carismático, traços que podem ser exacerbados em psicopatas.
Para Dutton, nenhuma dessas características é um problema por si só. O perigo, acrescenta ele, ocorre quando "todos esses traços ficam muito pronunciados, gerando disfunções".
"Não estou glamourizando a figura do psicopata", destaca Dutton, "porque essas pessoas acabaram com a vida de muitas outras".
Em seu novo livro, intitulado The Wisdom of Psychopats ("A Sabedoria dos Psicopatas"), ele diz que a adoção de algumas das características dos psicopatas podem nos ajudam a melhorar o nosso desempenho no trabalho.
Psicopatas, por exemplo, tendem a não adiar tarefas ou mesmo levar os problemas profissionais para o campo pessoal, "além de não exigirem tanto de si mesmo quando as coisas dão errado", afirma Dutton.
"Se alguém quer um aumento de salário, é normal ficar um pouco ansioso para pedi-lo. Em outras palavras: O que pode acontecer comigo se meu pleito não for aceito ou o que meu chefe vai pensar de mim?"
"Bem, tenha fé em seu potencial e vá adiante. Não se apegue aos seus defeitos, apenas às suas virtudes."
"Ao fazer isso, você se torna mais confiante, e tem mais chances de conseguir o que quer."
Carreira
Até a falta de empatia com os outros -- comum entre alguns psicopatas -- pode ser útil em algumas profissões.

"Imagine que você tenha a capacidade para ser um bom cirurgião -- mas não consegue se desvencilhar emocionalmente da pessoa que você está operando", disse Dutton.
"Um cirurgião me disse certa vez que quando o médico começa a ver o paciente como um parente próximo ou um amigo, está andando numa espécie de 'corda-bamba' emocional".
"Os vitoriosos -- ou os mais predispostos ao sucesso -- serão aqueles que conseguem estabelecer uma distância sentimental dos seus pacientes".
Pessoas com essas características são mais adaptadas para trabalhar especialmente em cargos de chefia ou de muita importância, como CEOs, advogados ou até jornalistas.
Políticos também costumam revelam alguns traços marcantes de psicopatas.
"Políticos de sucesso precisam não ter remorso ao implementar políticas impopulares, muitas vezes, em desacordo com alguns setores da sociedade", disse Dutton.
"Se você pensar dessa forma, o político de maior sucesso é alguém que sabe dizer o que a população está pensando".
"Eles são brilhantes em se embrenhar no imaginário coletivo, são como assaltantes psicopatas".
Outro lado
No entanto, outros psicólogos estimam que a psicopatia atinja apenas 1% da população total e descrevem a visão de Dutton como "muito generalista".

"É errado descrever essas pessoas como psicopatas -- isso é uma definição clínica", disse à BBC o professor Cary Cooper, da Lancaster University Management School.
"Eles não vão matar ninguém -- mas indiretamente podem causar perigo às pessoas porque são tão focados no seu próprio sucesso e, ao mesmo tempo, totalmente abstraídos das necessidades dos outros".
"Trata-se, na prática, de um estilo de gerenciamento 'abrasivo', uma espécie de bullying".
Sem escrúpulos
Especialistas alertam que, embora a preocupação consigo mesmo em detrimento com os colegas possa trazer ganhos de curto prazo, tal comportamento pode criar problemas para as empresas no futuro.

"Normalmente essas pessoas têm um desempenho excelente, mas a equipe sofre muito", disse Jonny Gifford, especialista do Chartered Institute of Personnel and Development (CIPD).
É importante perceber que sempre haverá pessoas que "queiram puxar o tapete" das outras dentro das organizações, disse ele. Do ponto de vista da companhia, acrescenta Gifford, o segredo é saber controlar esse tipo de comportamento, de forma que tais funcionários não coloquem em risco o ambiente de trabalho com suas ações.
Porém, para Dutton, às vezes a crueldade e a falta de compaixão é justamente o que um chefe precisa ter para controlar uma grande empresa.
"Imagine se você detém as competências financeiras e estratégias para um cargo de chefia, mas carece de crueldade suficiente para demitir funcionários que não sejam pró-ativos, ou não possui a frieza necessária para atravessar um período de maus resultados, você nunca vai chegar a nenhum posto de comando, ou vai?"
Mas para aqueles que acreditam que possam ter um chefe sem tendências psicopatas, o especialista dá um conselho.
"Se o seu chefe costuma pisar nos subordinados ou usa todos os meios possíveis para impressionar quem está acima dele, é hora de buscar um novo emprego."

Dificuldade de aprendizado pode ser algum transtorno do cérebro

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade atrapalha as crianças.
Dislexia afeta a leitura; é importante fazer o diagnóstico certo para tratar.


Ir mal na escola ou ter dificuldades de aprendizado não significa que uma criança não goste de estudar. A falta de concentração nos estudos pode ter origem dentro do cérebro, na comunicação entre os neurônios.
Essa dificuldade de concentração é um problema catalogado na medicina e tem nome: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). A boa notícia é que esse transtorno tem tratamento, basta tomar o remédio em dia.
Os dois problemas têm em comum a origem neurológica, um mau funcionamento dos circuitos cerebrais. Além disso, tanto um quanto o outro, se não forem tratadas, podem levar à ansiedade e à depressão.
Porém, os distúrbios têm muitas diferenças. Enquanto o TDAH prejudica de maneira ampla a vida dos portadores, que não conseguem ter foco nas atividades rotineiras, a dislexia é somente um transtorno de aprendizado, em que a pessoa não consegue ligar os sons às letras.
O TDAH pode ser diagnosticado a partir dos três anos e se manifesta de várias maneiras ao longo da infância. A criança não consegue se concentrar em nada, nem mesmo na hora de sentar para assistir a um desenho animado – é diferente de um menino agitado que, quando quer, fecha o foco em uma atividade específica.
Um estudo recente mostrou que o diagnóstico do TDAH ainda precisa ser mais bem feito. De 500 pessoas que tinham recebido diagnóstico de TDAH, apenas 23% preenchiam critérios rigorosos para serem consideradas portadoras. Por outro lado, das crianças que deveriam ter sido diagnosticadas, 58,4% nunca tinham sido identificadas como portadoras do transtorno.
O remédio usado para controlar o TDAH é uma substância chamada metilfenidato. É considerado seguro e eficaz, mesmo nas crianças, mas é de tarja preta -- ou seja, sua venda é controlada. O medicamento deve ser usado continuamente pelo resto da vida; ele controla o transtorno, mas não cura.
Já a dislexia tem uma situação diferente. O diagnóstico costuma vir um pouco mais tarde, quando a criança entra na fase de alfabetização. Ela não tem remédio, mas pode ser eliminada com um treinamento específico. Esse tratamento dura entre dois e cinco anos e consegue ensinar o paciente a relacionar formas e sons da maneira correta, remediando o problema. Contudo, os especialistas consideram que a dislexia não tem uma cura, e que este tratamento ensina a conviver com o problema e superar suas limitações.
Assim como o TDAH, a dislexia também tem um diagnóstico difícil. Nos dois casos, é muito importante descartar problemas visuais, auditivos, lesões cerebrais e doenças psiquiátricas, como a ansiedade, antes de afirmar que a criança tem o transtorno e iniciar o tratamento.